sexta-feira, 15 de abril de 2016

Sessão dupla de anime

Ontem foi dose dupla de cinema, e de um tipo muito raro de apanhar nas salas de cinema em Portugal - animação Japonesa. Nem queria acreditar que o Corte Inglês punha em exibição na mesma semana dois filmes pelos quais tinha enormes expectativas. Antes de mais nada um obrigado à organização pela programação.


O primeiro, Bakemono no ko, aka The Boy and the Beast, provém de um dos meus realizadores favoritos de anime - Mamoru Hosoda, autor de trabalhos como a série de televisão Samurai Champloo, The Girl Who Leapt Through Time que já falei anteriormente neste blog aquando da minha retrospectiva sobre filmes de viagens no tempo, bem como dos mais recentes Summer Wars e Wolf Children.


The Boy and the Beast é a história de um rapaz (Ren/Kyuta) que vive nas ruas após fugir da sua família aquando da morte da mãe. Ao fugir da polícia segue um par de estranhas criaturas por um beco que é também um portal para um outro mundo - Jutengai - habitado e governado por monstros, criaturas animais antropomorficas. Um deles, um urso guerreiro de nome Kumatetsu, procura um aprendiz de forma a poder candidatar-se ao torneio que lhe permitirá um dia ascender a um patamar divino, pelo que toma o jovem humano sob a sua alçada contra a vontade dos restantes habitantes pois os humanos não são bem vindos neste mundo devido ao seu lado negro que pode ser causa de destruição.


A animação tem boa qualidade, com uma mescla interessante de animação clássica e computorizada. A relação entre Kyuta e Kumatetsu é apelativa e assistimos ao crescimento de ambas as personagens que aprendem um com o outro contra todas as expectativas. Os conceitos básicos e temas da história são interessantes. No entanto, a partir de determinada altura, comecei a sentir-me um pouco alienado do filme. Verifica-se talvez alguma inconsistência no tom e na narrativa principalmente no terceiro acto, e o argumento toma algumas decisões questionáveis relativamente a uma personagem que representam uma mudança abrupta e pouco convincente.


Apesar de algumns pontos negativos, o filme foi ainda assim uma experiência positiva para mim, e talvez melhore num segundo visionamento. Se procura uma experiência diferente dos moldes da animação Americana, então The Boy and the Beast pode ser uma alternativa interessante. 

Recomendação: 





A pièce de résistance estava no entanto guardada para a segunda sessão com Omoide no Mâmî, aka When Marnie was There.
Provavelmente o último filme do estúdio Ghibli. Só a possibilidade de esse facto vir a tornar-se uma realidade dá vontade de chorar, mas o filme em si não fica atrás puxando definitivamente pelo coração dos mais empedernidos espectadores.


Anna é uma adolescente introvertiva e emocionalmente distante que é enviada para visitar uns parentes distantes no Japão rural de forma a melhorar a sua asma. Após a sua chegada fica obcecada por uma mansão localizada no pântano local e por uma rapariga loura de nome Marnie que ali parece habitar. As duas raparigas formam uma forte ligação de amizade, mas será real?


Quem quer que seja fã das obras do estúdio Ghibli irá certamente apreciar este último trabalho do realizador Hiromasa Yonebayashi, o mesmo de Arrietty. Quem nunca viu um filme deles, de que está à espera? A animação estilo clássico é absolutamente deslumbrante bem como o são os cenários do filme repleto de paisagens idílicas do Japão que o estúdio já nos habituou. Só isso chegava para uma recomendação mas o filme é muito mais do que apenas imagens bonitas.


Existe tensão e mistério da verdadeira natureza de Marnie que é mantido ao longo do filme, bem como do porquê da tristeza e mágoa que assola Anna. A resolução final é plenamente satisfatória com os fantasmas do passado a servirem de cura para a dor do presente. É quase impossível reter as lágrimas nos olhos à medida que as revelações se acumulam.

Um filme sensível e adulto que pode ser apreciado por toda a família. Definitivamente a não perder.

Recomendação: 



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