segunda-feira, 11 de abril de 2016

Hunger Games - 7 razões para a popularidade


Acabei de rever os quatro filmes Hunger Games durante a semana passada. Queria ver os dois últimos dois filmes Mockingjay de seguida adaptados do mesmo livro e ver se essa experiência mudava de alguma forma a maneira como eu apreciava ambos os filmes. Tenho que admitir que separar o último livro em dois filmes foi uma boa decisão. Mockingjay part 2 tem alguns problemas, sendo definitivamente o mais fraco de todos, principalmente nos primeiros 40-50 minutos. O filme não flui muito bem neste período de tempo, e é notório quando visionamos os dois filmes de seguida, mas contém demasiados elementos importantes para o desenrolar da história, pelo que a sua ausência funcionaria ainda pior se tivessem decidido cortá-los e unir tudo em apenas um terceiro filme.

Outra coisa que se tornou óbvia aos rever novamente estes filmes, é que não me canso de os ver. Alguns deles já os vi uma boa meia dúzia de vezes (sempre que um novo estreava no cinema lá ia eu rever os anteriores para avivar a memória), e apesar disso continuam a captar-me a atenção e imaginação.

Qual a razão para o sucesso retumbante deste franchise cinematográfico, talvez o único no género Young Adult que foi apreciado não só pelo público mas também pela crítica de uma maneira geral? O sucesso do primeiro filme deixou muita gente de boca aberta de surpresa. Qual a razão de adolescentes, principalmente raparigas (o grupo demográfico por excelência para os livros), se interessarem por uma história sobre crianças a matarem crianças? Para começar, essa forma de ver o filme é absolutamente simplista e injusta. Tenho a certeza que pessoas mais qualificadas que eu já publicaram teses e teorias sobre as razões sociológicas para o sucesso do Hunger Games de forma mais eloquente que eu alguma vez consiga, mas aqui vai a minha carta de amor aos filmes.

Existem três grandes grupos de elementos que justificam o sucesso - Actores, produtores e profundidade dos temas abordados.


1 - Jennifer Lawrence
O meu primeiro contacto com a atriz, a primeira vez que me chamou a atenção foi em 'Winter's Bone', o meu filme favorito desse ano (2010). Nesse filme a atriz desempenha o papel de uma personagem simplesmente fascinante que tem bastante em comum com a da Katniss Everdeen do Hunger Games. Não terá sido por acaso que tenha sido selecionada para o papel. Desde então a sua carreira explodiu e a sua popularidade não têm parado de aumentar. De facto verificou-se uma sinergia entre a carreira profissional da atriz e dos filmes, cada um alimentando o outro. Foi uma caso sério de actriz certa para o papel certo no momento certo.


2 - Josh Hutcherson
O herói ignorado dos filmes. Quase todos apontam os dedos à Jennifer Lawrence como a causa principal para o sucesso dos filmes, e é sem dúvida a figura emergente dos mesmos, mas não podemos substimar o trabalho de Josh Hutcherson que tem um papel fundamental nesta história. Para além de uma interpretação impecável nos quatro filmes, ele representa um tema muito importante - o amor romântico.
Curiosamente, e ao contrário da esmagadora maioria dos livros Young Adult, Hunger Games tem muito pouco romance. Existe um triângulo amoroso mas muito relegado para segundo plano. Mas isso não significa que o amor não seja retratado nele. Existe o amor pela familia, claramente abordado pelo sacrifício que Katniss faz pela irmã mais nova, o amor pelos amigos e camaradas em inúmeras ocasiões e exemplos, mas apesar de tomar um papel secundário na história, o amor de um rapaz por uma rapariga está sempre presente em papel de fundo na história e no final é preciso ser completamente insensível para não sentir-se tocado, e isso deve-se bastante ao desempenho do Josh Hutcherson.


3 - Elenco
Para além de uma escolha feliz no par de protagonistas, o restante elenco exsuda talento, e compõem um grupo invejável de personagens que ficam retidos na memória dos espectadores. Stanley Tucci, Elizabeth Banks, Paula Malcomson, Woody HarrelsonToby Jones, Lenny Kravitz, Amandla Stenberg, Donald Sutherland, Alexander Ludwig, Isabelle Fuhrman, Philip Seymour Hoffman, Jeffrey Wright, Amanda Plummer, Jena Malone, Sam Claflin, Julianne Moore, Mahershala Ali, Natalie Dormer, Elden Henson, Wes Chatham, etc. É um desfile longo de actores que apesar de desempenharem pequenos papéis entregam-se de corpo e alma aos personagens, conseguindo incutir-lhes um cunho pessoal, ao contrário do que tenho visto em outros franchises do mesmo género. De facto, os únicos personagens que o não conseguem fazer são precisamente os introduzidos no último filme, em parte pela fragilidade do próprio material original do último livro.


4 - Qualidade das adaptações
A escritora Suzanne Collins esteve profundamente envolvida na produção das adaptações dos seus livros. Percebe-se isso mesmo pelos comentários audios dos dvds. Produtores, realizadores, e restantes argumentistas parecem estar em sintonia e empenhados em conseguir a melhor adaptação possível dos livros, facto que não se verifica em outras adaptações do género. Não sem os seus problemas, mas apesar de tudo uma adaptação extremamente bem conseguida, com elevados valores de produção, conseguindo muitas vezes inclusivamente elevar o material original a um patamar superior.


5 - Disparidade da distribuição de riqueza.
É aqui que os filmes começam a assumir uma vertente mais madura e que explicam o porquê dos filmes terem transcendido os grupos demográficos originalmente pensados pelos livros e filmes. Porque estes espelham perfeitamente o sentimento de revolta e de injustiça que a esmagadora maioria das pessoas sente hoje em dia face à maneira como a nossa sociedade tem evoluído economicamente nas últimas décadas. O sentimento é transversal a várias camadas etárias e culturas. É universal.


6 - Governos opressivos
Tal como no ponto anterior, este é mais um tema que toca a muita gente por esse mundo fora. Não é só a ordem opressiva que controla a vida de adolescentes que se vêm num mundo em que irão herdar os problemas causados pelos adultos (poluição, degradação dos recursos planetários e desiquilíbrios sociais), mas também o défice democrático, corrupção e controlo governamental a que nos vemos sujeitos em todas as vertentes da nossa sociedade.


7 - Propaganda
A forma crescente como os media têm vindo a ser utilizados como instrumento de manipulação das massas, com ou sem participação consciente dos próprios media. A propaganda como arma é sempre moralmente questionável e este tema é particularmente abordado nos filmes Mockingjay. De resto é também impossível não ver a crítica à popularidade dos reality shows e uso de violência como espectáculo.

Por todas estas razões e mais algumas de certeza, Hunger Games é uma obra transcendente, com a qual se identificam todos os grandes quadrantes de audiências - raparigas, rapazes, adultos e famílias.


3 comentários:

  1. Vi o primeiro e gostei. Do 2º já não e depois desisti. Não é o meu género de cinema.

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    1. Se gostaste do primeiro porque não do segundo? É bastante similar na estrutura narrativa. Poder-se-ia mesmo dizer que é uma repetição com nuances.

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    2. Não sei...não gostei mesmo. A premissa e o tipo de fime não me prende.

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