terça-feira, 17 de janeiro de 2017

The Dressmaker



Argumento: Kate Winslet é a modista que regressa à sua terra natal no outback Australiano nos anos 50 para se vingar daqueles que a maltrataram na sua infância, usando para isso a sua experiência adquirida no mundo da alta costura mundial.


Gostei:
- Da estranheza da história. Alta costura como instrumento de vingança? De facto parecia que estava a assistir a um filme to Terry Gilliam tal o malabarismo entre drama, comédia e romance. É sempre uma mistura perigosa e difícil de equilibrar mas a realizadora Australiana Jocelyn Moorhouse consegue-o com sucesso, apesar de um ou outro detalhe menos conseguido.
- Excelentes desempenhos. Hugo Weaving é hilariante.


Não Gostei:
- A maneira como a memória da personagem principal é gerida. Muito pouco convicente e demasiado conveniente.



Recomendação: Um filme que injustamente ignorei quando por cá estreou. Vale bem a pena.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Manchester by the Sea



Argumento: Casey Affleck is Lee Chandler, um homem solitário a viver num apartamento minúsculo e a ganhar o ordenado mínimo a trabalhar como faz-tudo ou biscateiro para alguns prédios na região de Boston. Quando recebe um telefonema a informá-lo de um ataque cardíaco do seu irmão, ele tem que regressar à sua cidade natal - a titular Manchester by the Sea. Quando lá chega é informado que o seu irmão faleceu e que este o nomeou como guardião legal do seu sobrinho de 16 anos, implicando uma estadia prolongado na cidade e o confronto com os fantasmas do seu passado.


Gostei:
- Michelle Williams. Tem um papel relativamente reduzido em termos de tempo no filme mas é fenomenal. A cena entre ela e Casey Affleck na segunda metade do filme representa o clímax emocional do mesmo e é quase impossível resistir a verter uma lágrima ou duas.
- Casey Affleck é bastante sólido como protagonista e carrega eficazmente o filme como um personagem torturado que activamente procura o isolamento social como forma de penitência.
- Boa realização de Kenneth Lonergan que consegue obter excelentes momentos da história e dos actores. Ficam-me particularmente na memória três deles.
- O filme utiliza uma série de flashbacks oferecendo-nos progressivamente uma visão de um protagonista bastante diferente do actual e finalmente leva-nos a visitar a terrível tragédia que despoletou a mudança. Estão bem inseridos no decorrer da história apesar de imediatamente revelarem indirectamente a natureza da tragédia que só mais tarde retrata, pelo que não esperem por revelações tardias muito surpreendentes. Presumimos bastante cedo o que acontece, só não conhecemos as circunstâncias específicas do evento.


Não Gostei:
-  Gostei bastante mas não consigo livrar-me da sensação que falta-lhe qualquer coisa para ser um grande filme o que acaba por ser um pouquinho frustrante.
- A personagem do sobrinho. O filme passa um tempo significativo com ele e é uma peça crucial no desenrolar na história e nas decisões que o nosso protagonista enfrenta, mas nunca o senti verdadeiramente como uma personagem real para além da sua desonestidade, mas mais como apenas uma peça necessária ao enredo. Mais uma vez acho que falta ali qualquer coisa que precisava de ser mais trabalhada. Ou talvez não goste simplesmente da personagem e esteja a projectar esse sentimento.
- Um ou outro detalhe menor do filme incomoda-me por falta de esclarecimento. Por exemplo, quando Lee vai inquirir sobre trabalho na cidade, a gestora que estava a ouvir a conversa nos bastidores vem ter com o interlocutor depois de Lee sair e diz-lhe que não o quer voltar a ver no local. Face ao que conhecemos dos eventos, é uma reacção estranha e radical vindo de alguém aparentemente sem ligação pessoal com o protagonista. Será que toda a cidade tem a mesma visão negativa sobre ele? Não sabemos.


Recomendação:

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Hana Yori Dango aka Boys Over Flowers (anime)


Eis outra série de televisão que acabei de ver recentemente, esta num género bastante diferente do que geralmente menciono ou que as pessoas em geral acompanham - animação Japonesa. Tenho andado muito afastado do género, especialmente quando comparado com uns anos atrás em que consumia carradas. De facto houve um período em que o meu fascínio por anime parecia não ter limites. Tinha um apetite voraz, quase desesperado por mais, pois anime representava um autêntico universo de animação por descobrir, isto numa altura em que a internet ainda estava no seu início e as únicas formas de arranjar informação sobre estas obras eram através de livros e revistas especializadas, e a animção em si  só por intermédio de um amigo que tinha um amigo que conhecia alguém que trazia umas cassetes VHS do estrangeiro. Mais tarde comecei a encomendar uns dvds americanos mas a coisa não ficava barata. Mas valia a pena. Era uma sensação de se ser detentor de um segredo só do conhecimento de alguns. O que era de alguma forma bizarro pois se alguém ronda hoje os 40 anos como eu, cresceu a ver séries de animação Japonesa sem disso se aperceber. Quase de certeza que se lembram de Vickie o Viking, a Heidi e Calimero só para mencionar alguns. Sabiam que estas séries eram de animação Japonesa? Provavelmente não. Eu também nunca me apercebi quando era miúdo. A primeira vez que tomei consciência que estava a ver algo diferente, algo especial, determinando para sempre o meu amor por este género, foi quando passou na televisão Portuguesa o Conan, o Rapaz do Futuro. A visão e a minha experiência com obras de animação em geral mudou para sempre com esta série trabalhada por Hayao Miyazaki e Isao Takahata (entre outros nomes) dois co-fundadores do mítico estúdio Ghibli.


Mas enfim, chega de divagar. Boys Over Flowers é a história de Makino Tsukushi, uma rapariga de familias modestas que a regista numa prestigiada escola frequentada pelos filhos das ricas elites Japonesas. Após defender outra colega vítima de bullying, torna-se ela própria alvo das atenções pouco recomendáveis dos F4, um grupo composto pelos 4 rapazes mais populares e ricos da escola. Apenas o seu espírito rebelde e combatividade, integridade e valores morais a irá permitir sobreviver ao clima hostil que a rodeia como elemento indesejável.


Quando comecei a visionar esta série dos anos 90, nunca pensei que a iria acabar por ver toda. Para começar a animação deixa muito a desejar, mesmo para alguém acostumado com as produções Japonesas de relativo baixo orçamento quando comparado com os orçamentos de produções de outros países. O design das personagens é apelativo mas podem contar com o uso abundante de stills shots e reutilização de imagens, enfim nada a que os fãs de anime não estejam habituados. Em segundo lugar esta animação é baseada numa manga shōjo, ou seja, não sou claramente o seu público alvo que são as adolescentes femininas Japonesas, isto apesar de eu ter na minha colecção dvds de algumas séries shōjo, como Magic Knight Rayearth, Revolutionary Girl Utena e Fruits Basket que contêm elementos mais fantásticos, o que as tornam talvez mais palatáveis. Boys Over Flowers é logo á partida muito mais mundano. No entanto lá fui vendo os episódios porque apesar dos baixos valores de produção, a protagonista era interessante e a história de peixe fora de água aliada ao tema de bullying e discriminação de classes era apelativa. Mesmo quando a séria começa a focar-se mais nas relações românticas de adolescentes continuei a ver. Só mais um episódio dizia eu, quando não tiver nada que fazer. Afinal são só 20 minutos por episódio sem contar com os genéricos inicial e final. Era a minha forma de racionalização. Bom, a realidade é que completamente contra as minhas expectativas iniciais, a determinada altura estava rendido à série. A decisão estava tomada. Tinha que papar os 51 episódios.


Não é uma série de animação que recomende para um primeiro contacto com quem estiver interessado em aprofundar a sua experiência com a animação Japonesa, não só por razões técnicas como também culturais, mas se já for veterano nestas andanças e ainda não viu Hana Yori Dango, acho que vale a pena tentar. Talvez o agarre também.

Próxima série no horizonte - Kimagure Orange Road - um clássico que nunca tive oportunidade de ver.

Monk




Peter Falk's Columbo, David Suchet's Poirot, Benedict Cumberbatch's Sherlock, e Simon Baker's Patrick Jane são as minhas figuras de referência no que diz respeito a personagens detective carismáticos em séries de televisão policiais. Após dois meses, acabei ontem de visionar a série completa e Tony Shalhoub's Adrian Monk junta-se agora ao meu panteão de heróis policiais.
Lembro-me de ter visto o episódio piloto na televisão e depois nada. Nunca mais vi nenhum episódio, de modo que na altura até pensei que tivesse sido um telefilme. Para minha surpresa vi mais tarde a edição Portuguesa em dvd da primeira temporada, que infelizmente tal como com outras séries de televisão, não teve continuidade. Não sei em que canal passou por cá se tal realmente aconteceu, mas parece-me que pouca gente por cá a conhece a julgar pelo desconhecimento total demonstrado por todos a quem a refiro. De qualquer forma, o facto é que me apaixonei completamente pela personagem desde o primeiro episódio e tinha imensa pena de não ter acesso às restantes 7 temporadas, situação entretanto corrigida no final do ano passado.

Monk (Tony Shalhoub) é um ex-detective da polícia de San Francisco, suspenso de funções após um esgotamento nervoso despoletado pelo assassinato da sua esposa Trudy. Se Monk já anteriormente a esse evento tinha um histórico de inaptitude social e comportamentos obsessivo-compulsivos, a trágica morte do único amor da sua vida vem exacerbar esses comportamentos e fobias. A série começa aproximadamente quatro anos após a morte da esposa. Monk, finalmente capaz de interagir novamente com o mundo após o trauma, apesar de necessitar de ajuda permanente de uma assistente/enfermeira, começa a trabalhar como consultor privado para o seu antigo departamento de homicídios da polícia.


A série iniciou produção em 2002, algo que me surpreendeu, pois ao ver a mesma fica a sensação de ser mais antiga, quer pelos visuais, quer pelo formato dos episódios e conteúdo. Não é necessariamente algo negativo, mas fica desde já o aviso que não é tão cinemática como outras séries de televisão mais recentes. Para mim isto acaba por ter um efeito nostálgico que funciona bem no seu todo.

A série vale principalmente pela personagem e desempenho de Tony Shalhoub. A qualidade dos episódios varia bastante quanto ao mistério/crime da semana. É uma série com uma estrutura narrativa episódica, onde cada episódio contém um crime para resolver. O mistério da morte da esposa corre a série toda mas são muito poucos os episódios dedicados ao mesmo. Por vezes é bantante bom, complexo e original, outras vezes é bastante banal e pouco interessante. Por vezes conhecemos o criminoso desde o início do episódio à la Columbo, outras vezes  descobrimos o autor do crime à medida que o nosso neurótico detective vai juntando as peças. Mas algo se mantém constante ao longo dos 125 episódios que compõem as oito temporadas, Monk é sempre interessante e engraçado nas suas interacções com as personagens e situações que o rodeiam. 
 
Acho que é uma série que se ainda não conhece, vale a pena experimentar.