terça-feira, 26 de agosto de 2014

Munich




"There is no peace at the end of this."


À medida que o mundo assiste a mais uma sangria no Médio Oriente, dei comigo à procura deste filme no meu escaparate de dvds para o revisitar. Existem outros filmes, porventura mais isentos e equilibrados que Munich no que diz respeito à complexa temática das relações Israelo-Palestinianas, mas poucos ou nenhum terá a qualidade do que é muito possivelmente o melhor filme de Spielberg.
Munich pode ser ocasionalmente tendencioso, o que acaba por ser perfeitamente compreensível e dificil de evitar se considerarmos a fonte do mesmo, mas esforça-se claramente em não demonizar apenas uma das partes deste conflito, e tem como sua maior virtude representar uma crítica tímida mas eficaz à política de olho por olho que serve apenas para alimentar um ciclo de violência sem fim à vista, resultando num aumento do extremismo e radicalização de posições, bem como na institucionalização do ódio e intolerância por ambas as partes.
Se nunca o viram, façam um favor a vocês mesmos e visionem esta obra prima de um mestre do cinema. E se já o fizeram, revejam-no pois os eventos trágicos a que temos vindo a assistir nas últimas semanas tornam-no particularmente relevante e oportuno. 


Argumento: Após o massacre dos 11 atletas Israelitas durante os Jogos Olímpicos de Munique de 1972, é tomada a decisão em Israel de perseguir e assassinar da forma mais mediática possível, os suspeitos de estarem por trás do evento. Forma-se assim um grupo composto por 5 agentes da Mossad (desempenhados por Eric Bana, Daniel Craig, Ciarán Hinds, Mathieu Kassovitz e Hans Zischler), que em total clandestinidade e em diversos países, perseguem durante muito tempo os seus alvos, com diversos graus de sucesso, mas sempre com elevado custo, não apenas financeiramente, mas sobretudo na sua humanidade.



Gostei: De tudo, mas aponto alguns pontos altos.
- A personagem desempenhada por Ciarán Hinds, funcionando ocasionalmente como a voz da consciência.
- A divisão dos eventos de Munique em flashbacks inseridos ao longo do filme, na sua maioria funciona muito bem, permitindo alternar e de alguma forma equilibrar tomadas de decisão e acções. É fácil repreender a violência como resposta a violência quando não observada de perto, mas mais difícil quando a brutalidade é experimentada mais intimamente.
- O efeito erosivo que a missão têm sobre o grupo, principalmente do ponto de vista moral e psicológico.
- Toda a sequência do atentado em Paris, impecável na tensão gerada.
- Há um momento que adorei, durante a reunião inicial entre a personagem da Golda Meir e restantes membros das forças armadas e secreta, quando ela questiona a sala sobre a legitimidade do que estão a planear, obtendo apenas silêncio como resposta.
- Do espiríto geral do filme.
- O pormenor da imagem das Twins Towers no final do filme fazendo a ligação com o conteúdo da discussão dos protagonistas.


Não Gostei:
- Isto é um pormenor de somenos importância, mas a inserção do último flashback do massacre de Munique foi um pouco infeliz onde foi colocado. A meu ver, teria resultado melhor mais tarde no filme, ou talvez a finalizar o mesmo.
- A nudez na única morte de uma personagem feminina. Não me incomodou e considero ter sido eficaz no contexto da história, mas consigo entender que possa ser interpretado como misoginista aos olhos de alguns.





Recomendação:


Sem comentários:

Enviar um comentário