quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Anomalisa
Argumento: Michael Stone (David Thewlis) é um autor famoso sobre o serviço ao cliente, aborrecido com a sua vida e as pessoas em seu redor, quando reencontra novamente a paixão de viver em Lisa (Jennifer Jason Leigh) uma trabalhadora nessa área na mesma cidade para assistir ao seu simpósio.
Gostei:
- Charlie Kaufman em determinada altura envergonhava todos os seus colegas argumentistas a trabalhar em Hollywood, tal era a diferença abismal de originalidade e creatividade entre eles. Kaufman era uma espécie à parte e apesar de esta obra, dirigida pelo próprio, não atingir o brilhantismo de um 'Being John Malkovich' ou 'Eternal Sunshine of the Spotless Mind', é uma obra que merece bem a pena um visionamento.
- Senso de humor contrapondo a amargura que permeia a personagem principal.
- Dicotomia individualidade e sociedade e a ironia de um guru do serviço ao cliente ser incapaz de distinguir indivíduos e seguir os seus própios conselhos, independentemente das razões.
- Abordagem original de disturbio mental (o nome do hotel não é uma coincidência entre outras pistas)
- Erotismo profundamento humano e real injectado numa sequência apesar de estarmos a ver essencialmente marretas.
- A escolha pela animação como meio para contar a história foi uma aposta ganha. Penso mesmo que outra forma não teria conseguido o mesmo impacto.
Não Gostei:
- Não é um ponto negativo mas uma chamada de atenção. Os primeiros minutos do filme podem ser um pouco desconcertantes e estranhos, mas obtém-se dividentos posteriormente à medida que decorre a acção. É preciso um pouco de paciência.
Recomendação:
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Bottle Shock
Argumento: Alan Rickman é Steven Spurrier, um britânico proprietário de uma loja de vinhos em Paris, cujo único cliente parece ser o seu vizinho Americano da loja ao lado. Na tentativa de aumentar o perfil da loja e espicaçado pelo seu amigo Ianque, resolve promover um desafio enólogo. Os melhores vinhos Franceses contra os Americanos numa prova de vinhos cega.
Gostei:
Com o recente falecimento de Alan Rickman, a NOS lançou uma pequena retrospectiva da carreira deste
actor, da qual fazia parte esta pequena obra que desconhecia completamente. Apesar de não ser um grande filme, é no entanto agradável, pelo que se tiverem oportunidade de o verem acho que vale a pena. No entanto sou um pouco suspeito. É que tenho uma fraqueza por filmes que retratam actividades pelas quais tenho muito pouco conhecimento, neste caso a vinicultura. Longe da qualidade de um Sideways, foca no entanto o outro lado da equação, o do produtor.
- Bom elenco repleto de caras conhecidas como Bill Pullman, Alan Rickman, Freddy Rodriguez, Chris Pine, entre outros.
"Wine is sunlight, held together by water" |
- É um bocadinho de história. Baseado num evento real que ficou conhecido como o Julgamento de Paris de 1976, promovido por Franceses e com júri inteiramente de nacionalidade Francesa. onde as cores azul, branco e vermelho vencedoras acabaram por ser provenientes da Califórnia em todas as categorias, o que foi um choque para o mundo da enologia na altura.
- Alguns bons momentos como a cena do aeroporto, o drama do vinho 'estragado' e o resultado pós-julgamento ajudam a elevar o material um pouco acima do inteiramente banal.
- Deu-me vontade de abrir uma garrafa de vinho só para o saboreiar.
Não Gostei:
- Pouca profundidade da maioria das personagens.
Recomendação:
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Great Lines
Brooklyn
Argumento: Eilis (Saoirse Ronan) é mais uma Irlandesa a tentar uma melhor vida nos EUA durante os anos 50, onde vai defrontar-se com a escolha entre o desafio de uma vida nova desconhecida repleta de incertezas mas também de possibilidades, e a segurança e conforto das suas origens.
Gostei:
- Saoirse Ronan. Sou fã desde que a vi no 'I Could Never Be Your Woman' ainda muito novinha. E apesar de gostar do seu desempenho nos vários filmes em que participou, não gostei de nenhum deles (com excepção de 'The Way Back' onde tem uma pequena participação)...até Brooklyn. Provavelmente não será um papel que lhe dará um óscar mas a nomeação para melhor actriz serve de confirmação do seu talento numa altura em que atinge ela própria a maioridade.
- Julie Walters como a dona da pensão onde Eilis vive. As cenas à mesa das raparigas são sempre um ponto forte no filme e grande parte deve-se à personagem da Sra. Keogh.
- A maneira como a Igreja é retratada. No mesmo ano que a mesma é abordada negativamente noutro candidato aos óscares, é refrescante ver a mesma como uma força para o bem e progresso, aqui na forma do padre desempenhado por Jim Broadbent.
- O saudosismo que teima em nunca largar a vida de quem emigra.
Não Gostei:
Ficou abaixo das minhas expectativas. Falta aqui uma ou duas cenas que se tornassem a imagem de marca do filme. Todos os grandes as têm, aquelas cenas inesquecíveis que ficam retidas na memória do colectivo. Brooklyn não. Não tanto um ponto negativo mas sim algo que falta ao filme para voar mais alto. Continua a ser um excelente filme que merece bem o tempo de ser visionado.
Recomendação:
The Revenant
Argumento: Leonardo DiCaprio é Glass, um homem da fronteira do oeste Americano nos anos 1820s, quando os índios ainda tinham ilusões sobre os seus destinos e o continente ainda tinha muito por explorar. Atacado por um urso durante uma expedição de caça e deixado a morrer pelos elementos do grupo, assistimos a uma história de sobrevivência alimentado pelo desejo de vingança.
Gostei:
- Desempenhos dos actores. O DiCaprio tem merecido toda a atenção mas Tom Hardy está sensacional, talvez o melhor papel dele este ano, bem como o Domhnall Gleeson e Will Poulter em papéis menores.
- O filme é belíssimo, quase totalmente captado apenas com luz natural e que provavelmente vai garantir ao cinematógrafo Emmanuel Lubezki mais um óscar, para desespero de Roger Deakins. Filme que merece ser visto no grande ecrã.
- Realização virtuosa de Iñárritu. Acho que não me cansava de ver a sequência de ataque índio ao acampamento no início do filme.
- Retrato eficiente da dureza da vida na fronteira, aqui levado ao extremo. A última vez que um filme o conseguiu tão bem para mim foi o 'Gold' de Thomas Arslan. Perfeito contraponto à beleza natural das paisagens.
Não Gostei:
- Com duas horas e 36 minutos, senti um pouco a duração do filme. Geralmente não me incomodam filmes longos, mas neste senti que podiam ter cortado pelo menos 1 ou 2 segmentos, nomeadamente a cena da carcaça do cavalo, até porque já vimos algo semelhante noutro famoso filme e pouco adianta na história.
- Depois de visto o filme, não posso deixar de pensar que poderia ter sido melhor sem a introdução do filho na história, elemento que não faz parte da história original e inclusivamente estava ausente no argumento original. A razão para esta minha sensação é de que daria uma maior complexidade e ambiguidade à relação das personagens de Leonardo DiCaprio e Tom Hardy.
- A maneira como o trailer arruinou uma surpresa no parte final do filme.
Recomendação:
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
The 5th Wave
Argumento: Após sucessivos ataques de origem extraterrestre, a humanidade encontra-se à beira de extinção. Cassie (Chloë Grace Moretz) é uma sobrevivente tentando reunir-se com o seu irmão mais novo do qual se viu separada durante uma operação de resgate levada a cabo por um grupo do exército ainda operacional. Mas nem tudo é o que parece e uma nova vaga está em preparação que irá provavelmente ser a última necessária para o extermínio completo da espécie humana.
Gostei:
- Do livro. Vale a pena ler. É dos melhorzitos dentro do género Young Adult. Ainda só li o primeiro volume que corresponde a este filme, mas é pelo menos promissor.
- Os primeiros minutos. O filme faz um trabalho decente em resumir as primeiras 3 vagas de forma visualmente agradável, e eficazmente de modo a poder prosseguir com a história principal sem perder demasiado tempo. É pena que não o tenha conseguido fazer da mesma forma com outros elementos da história.
- Chloë Grace Moretz está relativamente bem no filme apesar das limitações do mesmo.
- Gostei da solução elegante que o filme arranjou para abordar um dos maiores problemas que tive com um dos elementos do livro, nomeadamente a relação entre a Cassie e o Evan e a cena na auto-estrada.
- Praticamente tudo. Essencialmente o filme não consegue adaptar eficazmente o material original de forma a criar uma obra estimulante. Partes importantes da história, atrever-me-ia mesmo a afirmar que as melhores partes, são muito mal tratadas com uma ligeireza e incompetência que impossibilita que mais de metade dos personagens adquiram o mínimo de profundidade, precisamente a metade mais necessária para que a história tivesse algum impacto no final. Como isso não acontece o espectador fica numa situação em que dificilmente se interessa pelo que decorre no ecrã. Por todas estas razões é dificil distinguir entre o que é um mau desempenho dos actores e o que pode ser atribuído a uma má realização e argumento. Inclino-me mais para esta última. De facto temos actores carismáticos e talentosos como Liev Schreiber e Maria Bello completamente desaproveitados. Chega a ser doloroso ver os mesmos neste filme. Outro exemplo disto é a Maika Monroe.
Recomendação:
- Tinha algumas expectativas neste filme pela qualidade acima da média dentro do género do livro, mas viram-se brutalmente goradas. Passem á frente. De qualquer forma duvido que o filme tenha sucesso suficiente para justificar a adaptação dos volumes seguintes. E se tivessem o mesmo nível deste, mais vale estarem quietos.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
99 Homes
Argumento: Dennis (Andrew Garfield) é um pai solteiro sem emprego regular na construção civil, que se vê de repente na dramática situação de se ver despejado da sua casa pelas autoridades. Na tentativa de recuperar a sua casa e vida de volta, acaba por ir trabalhar para a pessoa directamente responsável pelo seu despejo, o agente imobiliário Rick Carver desempenhado por Michael Shannon.
Gostei:
- Excelente complemento para o recente estreado e candidato aos óscares de 2016 - The Big Short.
- De facto, tendo visto ontem este último sobre a crise financeira do subprime de 2007, e apesar de reconhecer a qualidade do mesmo, se tivesse que recomendar apenas um filme sobre o tema seria antes este. Simplesmente porque a carga dramática é completamente diferente. É como a célebre frase de Estaline "A morte de um homem é uma tragédia, a morte de milhões é uma estatística". O Big Short por focar nos mecanismos responsáveis pela tragédia, nunca chega a transmitir efectivamente o impacto que a mesma tem na vida real, enquanto que o 99 Homes é precisamente o oposto, focando a sua atenção precisamente no drama e desespero das pessoas mais afectadas pela crise, bem como na sensação, derivada de medo, cada vez mais prevalente em certas sociedades de que é comer ou ser comido.
- Excelentes desempenhos de Michael Shannon, sempre brilhante pela intensidade que confere aos seus personagens e Andrew Garfield que têm aqui uma actuação memorável e merecedora de maior recohecimento como retrata a descida moral de um homem decente e honesto quando confrontado com o desespero.
Não Gostei:
Apesar da eficácia do filme, não consigo deixar de pensar que havia a hipótese de um filme ainda melhor se a direcção seguida na parte final fosse outra. No entanto não é nada que afecte negativamente a minha experiência com o filme. A opção seguida funciona na mesma muito bem.
Recomendação:
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Recomendações de filmes sobre viagens no tempo - Considerações finais
O meu último post sobre estes filmes. Confesso que quando pensei nesta retrospectiva não tinha ideia da quantidade de filmes que tinha com esta temática e quantos mais ficaram ainda por mencionar. Deu muito mais trabalho do que tinha originalmente planeado. Mas foi divertido rever muitos destes filmes (alguns já não os via há imenso tempo) e também descobrir alguns que ainda não conhecia. Espero que seja útil na divulgação destas obras. Nesse espírito, e para finalizar, deixo aqui uma pequena lista de menções honrosas de filmes que não consigo recomendar abertamente a não ser para os fanáticos e completistas do género, bem como alguns que não tive oportunidade de ver mas que me parecem interessantes.
- Primer (2004) - menção honrosa
- Hot Tub Time Machine (2010)- menção honrosa
- Peggy Sue Got Married (1986) - menção honrosa
- Timelapse (2014) - menção honrosa
- The Infinite Man (2014) - menção honrosa
- Mine Games (2012) - menção honrosa
- Premature (2014)
- 11 Minutes Ago (2007)
Relativamente aos dois últimos, se alguém já os viu podem deixar aqui os Vossos comentários sobre se valem a pena ver ou não.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Subscrever:
Mensagens (Atom)