segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Nocturnal Animals


Argumento: A directora de uma galeria de arte (Amy Adams) recebe do ex-marido (Jake Gyllenhaal) um manuscrito de um romance. Nele, um casal com a filha adolescente em viagem de carro algures no Texas durante a noite, envolvem-se relutantemente com um trio de indivíduos que os obrigam a sair da estrada.


Gostei:
- Tom Ford é uma personagem única no mundo do cinema. Um outsider oriundo do mundo da moda, assinou em 2009 com 'A Single Man', o seu filme de estreia como realizador e argumentista, um dos melhores filmes desse ano. Sete anos depois 'Nocturnal Animals' vem confirmar o talento anteriormente demonstrado, mas mais impressionante é o facto que esta última obra consegue ser ainda mais fascinante que o seu criador. É que se pensarmos bem, Tom Ford, um Democrata e gay assumido seria dos mais improváveis cineastas a criar um filme que é claramente pró-Donald Trump. Duvido que tenha sido esse o objectivo ou intenção, mas o timing e mensagem ou temas abordados pelo filme são inegáveis. Não acreditam? Vejam o filme.
- O filme capta imediatamente as audiências com o genérico inicial, que exibe uma série de mulheres morbidamente obesas a exibirem-se no ecrã. Ficamos imediatamente despertos para a possibilidade de estarmos perante algo diferente. Mas isso é apenas um aperitivo face ao carroussel emocional que nos espera quando a personagem de Amy Adams começa a ler o romance escrito. Tal como a leitora no filme não resiste à história nessas páginas, também eu como espectador senti-me completamente indefeso ao que transcorria do ecrã. Acho que nunca na minha vida senti tanto a necessidade de possuir uma arma de fogo para defesa pessoal e da família como ao assistir à progressão dos eventos envolvendo Jake Gyllenhaal (que também desempenha um personagem no romance), Isla Fisher, a filha de ambos e Aaron Taylor-Johnson e os seus dois comparsas. Este segmento do filme por si só vale a pena o preço do bilhete. As interpretações são notáveis, e o ritmo, tensão crescente da cena é magistralmente dirigida pelo realizador.


- Quando pensamos que sabemos ao que estamos a assistir e começamos a adivinhar o rumo da história, o filme surpreende-nos seguindo um caminho completamente inesperado, à medida que nos vai revelando flashbacks da história antiga do ex-casal. Os eventos do livro ganham outra dimensão e os papéis das personagens transformam-se. Mais uma vez ocorre-me a palavra fascinante.
- Aaron Taylor-Johnson foi uma agradável surpresa. No passado o actor nunca me convenceu muito dos seus talentos mas aqui rouba a atenção em todas as cenas de que faz parte, mesmo com actores do calibre de Jake Gyllenhaal e Michael Shannon.


Não Gostei:
- Não desgosto de finais ambíguos, e acho apropriado o final anti-climático deste filme, mas penso que neste caso específico a sua ambiguidade causa algum dano ao filme pelas assumpções que as pessoas poderão fazer sobre o destino final de uma das personagens.

Recomendação:

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