terça-feira, 15 de novembro de 2016

Hacksaw Ridge



Argumento: A história do primeiro objector de consciência norte-americano, Desmond Doss, um membro da igreja adventista do sétimo dia, a receber a medalha de honra pelas suas acções durante a batalha de Okinawa na segunda guerra mundial.


Gostei:
- De saudar o regresso de Mel Gibson à cadeira de realizador, dez anos depois do seu último trabalho. Apesar de todas as controvérsias extra-curriculares que mancharam a sua imagem pública em anos recentes, Hacksaw Ridge vem confirmar o inegável talento do actor/realizador como contador de histórias, oferecendo-nos um filme que irá ser lembrado no futuro como um bom (mas não excelente) filme tendo como cenário a segunda guerra mundial pela forma como as cenas de batalha foram filmadas. De facto, uma das críticas que tenho visto ser apontada ao filme é a de que para uma obra que supostamente pretende divulgar uma mensagem anti-guerra, tendo um objector de consciência como protagonista, o que mais se retém na memória são precisamente os segmentos de batalha e carnificina bélica. E se em parte concordo com esta análise de que o filme poderá em parte falhar na sua mensagem, penso também que se formos honestos, a violência retratada no filme nunca é glorificada, muito pelo contrário, e que Desmond Doss nunca se viu a si mesmo como um verdadeiro objector de consciência, tendo-se dado como tal como a única forma de servir como não combatente. Dito isto, o que podem esperar deste filme?


O filme não funciona como biopic pois deixa demasiados elementos da sua vida de fora, mesmo aqueles relacionados com a sua carreira militar, nomeadamente duas condecorações estrelas de bronze por bravura em batalhas anteriores. Andrew Garfield tem um desempenho razoável, mas o filme é demasiado frugal na construção dos seus protagonistas incluindo o principal, apesar de conseguir globalmente criar admiração per ele. Também não é pela sua mensagem anti-guerra que o filme vale a pena, se é que alguma vez a teve na agenda. Não, Hacksaw Ridge é sim excelente a mostrar o nível de coragem e bravura (para muitos de loucura) que é necessário demonstrar no campo de batalha para receber a dita condecoração. Significa colocar a própria vida directamente em risco em situação de combate geralmente para salvar outras. Significa colocar a vida de outros acima da sua, facto que a distingue de outras condecorações de bravura em combate. 
- Cinematografia de Simon Duggan.
- Como já mencionei anteriormente, as cenas de batalha são brilhantemente dirigidas.


Não Gostei:
- Entendo a economia de tempo necessária para contar uma história num filme de tempo limitado, mas penso que neste caso específico, e após ler um pouco sobre os eventos que o filme pretende retratar, não foi feita justiça aos factos. No filme fica-se com a impressão que a acção decorrre no espaço de 48 horas, quando na realidade os actos dignos de condecoração estenderam-se por vários dias. Enfim, um ponto de menor importância mas que acho revelante de mencionar aqui.
- Caracterização de personagens poderia ter sido melhor, com uma ou outra excepção.
- A rede de escalada. Nunca é explicada a razão pela qual ela se mantém no local apesar de sucessivas retiradas, o que não faz sentido para mim. Aliás alguns pontos da batalha, estratégia e localização do espaço nunca é muito clara.

Presidente Harry Truman condecorando o verdadeiro Desmond Doss

Recomendação: Não brilhante mas um sólido retorno de Mel Gibson atrás das câmeras.

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