segunda-feira, 30 de maio de 2016

The Nice Guys


Argumento: Ryan Gosling é um detective privado que se encontra a investigar a morte de uma estrela porno em Los Angeles nos anos 70. O seu caminho cruza-se com Russel Crowe, um fixer, que por outras palavras significa um tipo que resolve os problemas de outras pessoas por meios pouco lícitos, envolvendo geralmente generosas doses de pancadaria. Os dois formam uma dupla improvável que os levam a descortinar uma conspiração criminosa nas mais altas instâncias do poder.


Gostei:
- A dupla de actores principais com excelente química no ecrã.
- Ryan Gosling está particularmente bem neste registo mais cómico. Já o tinha visto anteriormente a desempenhar papeis que denotavam talento para o efeito, mas este é o primeiro filme em que o actor tem a oportunidade de dar asas a essa sua faceta, isto apesar de o actor desempenhar o papel de forma séria.
- Muito bom argumento do realizador Shane Black em parceria com Anthony Bagarozzi. É um filme denso, quero dizer, é um filme com uma história densa mas fácil de seguir, o que infelizmente vai sendo cada vez menos vulgar nas obras de Hollywood. Para além disso The Nice Guys vai ser concerteza um dos filmes mais engraçados deste ano. Dei por mim às gargalhadas várias vezes na sala de cinema.O filme não está a ser comercializado como comédia e provavelmente não vai ter grandes resultados de bilheteira pelo que tenho visto, mas é decididamente um filme a não perder.
- Elenco secundário muito sólido, destacando-se a jovem Angourie Rice no papel da precoce filha de Gosling e Matt Bomer num papel memorável do assassino profissional John Boy. 


Não Gostei:
- Por vezes a personagem da filha é demasiado adulta tendo em conta a idade dela e especialmente a época em que decorre a história. Aceitava melhor certos elementos se a acção fosse mais contemporânea.
- Kim Basinger pouco credivel no papel. É o elo mais fraco do elenco, o único que destoa no filme inteiro. Felizmente tem um papel relativamente pequeno no peso global. 

Recomendação:

sexta-feira, 27 de maio de 2016

The Lobster


ArgumentoColin Farrell é David, um homem de meia idade cuja mulher o abandonou por outro. Se este facto por si só já seria trágico o suficiente, no mundo habitado por David a situação ganha contornos absurdistas, Neste mundo pessoas solteiras não são permitidas, sendo as mesmas perseguidas sem dó nem piedade. David, acompanhado pelo seu cão, outrora seu irmão, é obrigado a registar-se num hotel especializado, tendo apenas 45 dias para encontrar um parceiro. Se não o conseguir é transformado num animal da sua escolha.


Gostei:
- Antes de mais acho que devo informar que simplesmente detestei o filme anterior do realizador - Dogtooth. Detestei-o com paixão. Isto apesar de todos os elogios da crítica ao filme. Digo isto porque os elogios parecem repetir-se para esta nova obra e na minha opinião o filme contém muitos dos mesmos elementos com os quais tenho alguns problemas. Não é com certeza um filme para todos. Faço este aviso porque no final acabo por atribuir uma recomendação positiva, pois acho que neste caso o filme consegue passar a sua mensagem sobre o perigo de um mundo cada vez mais dividido em extremos irreconciliáveis, onde comportamentos alternativos  não têm lugar, como não têm a individualidade (exemplo dos sapatos e orientação sexual no registo do hotel) e compaixão. É por exemplo impossivel não pensarmos na crescente intolerância religiosa que parece estar a tomar conta do mundo, em grande parte liderada por grupos Islamicos cada vez mais extremistas e da inevitável reacção extremista aos mesmos. Assim, acho que o filme merece bem um visionamento apesar de alguns aspectos negativos..
- Humor. Negro, negro, negro. Brutalmente honesto e desconfortável. O humor é talvez o principal factor que torna o filme mais palatável do que seria de outra forma. 
- Conceito original e executado de forma interessante que captura a atenção do espectador. 


Não Gostei:
- A primeira metade do filme funciona notoriamente melhor que a segunda. Entendo as razões para a mudança de perspectiva mas o facto é que o filme cai um bocado na segunda parte.
- O realizador continua a abusar de cenas carregadas de sadismo que em alguns casos parecem ser usadas de forma completamente gratuita. Sente-se por vezes um sensacionalismo barato na obtenção de efeito choque que não se traduz por nenhuma mais valia para a história ou personagens.

Recomendação:


terça-feira, 24 de maio de 2016

Grandes discursos em filmes - Nothing But The Truth

No último Collider Movie Talk, um programa de notícias sobre cinema que podem seguir diariamente no YouTube, uma das perguntas que fizeram aos apresentadores foi que discursos em filmes lhes ficaram na memória. Existem vários que me tocaram ao longo dos anos mas há um que me veio imediatamente à mente quando vi o programa. Alan Alda como advogado de defesa no filme Nothing But The Truth dirigindo-se ao colectivo de juizes do Supremo Tribunal.



"In 1972 in Branzburg v. Hayes this Court ruled against the right of reporters to withhold the names of their sources before a grand jury, and it gave the power to the Government to imprison those reporters who did. It was a 5-4 decision, close. In his dissent in Branzburg, Justice Stewart said, 'As the years pass, power of Government becomes more and more pervasive. Those in power,' he said, 'whatever their politics, want only to perpetuate it, and the people are the victims.' Well, the years have passed, and that power is pervasive. Mrs. Armstrong could have buckled to the demands of the Government; she could've abandoned her promise of confidentiality; she could've simply gone home to her family. But to do so, would mean that no source would ever speak to her again, and no source would ever speak to her newspaper again. And then tomorrow when we lock up journalists from other newspapers we'll make those publications irrelevant as well, and thus we'll make the First Amendment irrelevant. And then how will we know if a President has covered up crimes or if an army officer has condoned torture? We as a nation will no longer be able to hold those in power accountable to those whom they have power over. And what then is the nature of Government when it has no fear of accountability? We should shudder at the thought. Imprisoning journalists? That's for other countries; that's for countries who fear their citizens - not countries that cherish and protect them. Some time ago, I began to feel the personal, human pressure on Rachel Armstrong and I told her that I was there to represent her and not her principle. And it was not until I met her that I realized that with great people there's no difference between principle and the person."

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Money Monster


Argumento: George Clooney desempenha um apresentador de um programa de tv financeiro ao vivo que se vê feito refém juntamente com o restante pessoal do estúdio quando uma vítima (Jack O'Connellde um dos seus conselhos de investimento que deu mau resultado exige saber a causa real que provocou ter perdido todas as suas poupanças. 


Gostei:
- Da primeira metade ou dois terços iniciais do filme que consegue criar e manter um bom clima de tensão quando praticamente toda a acção decorre no interior do estúdio de televisão.
- George Clooney e Julia Roberts tem desempenhos interessantes com boa química entre os dois apesar de se encontrarem quase sempre separados fisicamente.
- do final desconfortável.


Não Gostei:
- o filme perde-se um pouco quando a acção se transfere para fora do estúdio e a investigação sobre o que realmente se passou com o investimento toma primazia, o que envolve uma série de personagens não muito bem conseguidas na minha opinião.
- Tenho que confessar que a personagem desempenhada por Jack O'Connell deixa algo a desejar, embora admita que a culpa não terá sido apenas dele mas sim do argumento e realização. Já o vi fazer bem melhor.


Recomendação: Apesar dos pontos menos positivos, é um filme que se vê bastante bem, representando uma hora e meia bem passada no cinema.


terça-feira, 17 de maio de 2016

A Hologram for the King


Argumento: Um executivo de uma empresa norte-americana na área de tecnologia de telecomunicações, encontra-se sob pressões várias para resolver um negócio. Para isso desloca-se à Arábia Saudita para fazer uma demonstração ao rei.


Gostei:
- Fui ver o filme apenas por causa da Festa do Cinema a decorrer nas salas Portuguesas. Por  dois euros e meio achei que valia a pena tentar, afinal tem o Tom Hanks e gostei de alguns trabalhos anteriores do realizador Tom Tykwer, mas tinha zero expectativas. Fiquei positivamente surpreendido. Não que o filme seja uma obra de visionamento obrigatório ou nada que se pareça, mas foi uma experiência agradável. 
- Não sei bem de que trata o filme. Não é sobre choques culturais embora os aborde. Também não será sobre a perda de identidade do mundo ocidental que se vê em dificuldades para se adaptar ao um novo paradigma de economia mundial onde já não se encontra na vanguarda, mas terá sido para mim esse o aspecto dominante do filme e do protagonista.
- Alexander Black como o condutor e guia Yousef é delicioso.


Não Gostei:
- Falta-lhe talvez um pouco de ambição e direcção sobre aquilo que quer transmitir, se realmente o procura fazer, mas dificilmente posso categorizar como ponto negativo quando o filme funciona mesmo assim.

Recomendação: É um pequeno post que aqui coloco sobre um filme decididamente menor, mas que mesmo assim acho que vale a pena visionar. A sala encontrava-se meio preenchida o que me surpreendeu e senti que tal como eu a audiência saiu agradada com o filme. Por dois euros e meios valeu a pena.


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Nadie quiere la noche


Argumento: Josephine Peary (Juliette Binoche) é a esposa do aventureiro/explorador Robert Peary que busca atingir o Pólo Norte. Decidida a não esperar mais tempo até o seu regresso, inicia a viagem até a um posto avançado da expedição e aí aguardar o seu regresso triumfante. A viagem é repleta de perigos mas a estadia poderá ser ainda mais difícil quando o Inverno polar se aproxima rápidamente. Porém o maior desafio será porventura a relação com a mulher Inuit Allaka (Rinko Kikuchi) que com ela permanece por razões próprias. As duas mulheres terão que ajudar-se mutuamente se quiserem sobreviver apesar dos factos que conspiram para as separar.


Gostei:
- Rinko Kikuchi como Allaka. É claramente a bóia de salvação do filme.
- As paisagens do Ártico e a sobrevivência neste meio agreste.

Não Gostei:
- Sou fã da realizadora Isabel Coixet. Gosto imenso de alguns filmes dela como 'Cosas que nunca te dije', 'My Life Without Me', 'The Secret Life of Words' ou 'Map of the Sounds of Tokyo'. São filmes que me cativam completamente durante o visionamento conseguindo por vezes serem emocionalmente devastadores. Esta última obra da realizadora tinha tudo para conseguir o mesmo efeito. No papel deveria funcionar pois todos os elementos estão lá, mas de alguma forma os mesmos não clicam juntos. Talvez o elemento que estraga o conjunto tenha sido o casting da Juliette Binoche que honestamente não funciona para mim e que me impede de me envolver na história da maneira que merecia. Isso ou a forma como Coixet decidiu contar a história quase exclusivamente do ponto de vista de uma personagem pouco simpática e difícil de empatizarmos. Admito que Coixet pretendia fazer justiça à personagem real, mas penso que o filme teria funcionado melhor se tivesse dado igual peso à personagem da Allaka e tivesse sido mais honesta no tratamento do povo Inuit pelos Peary. Resumindo, a alma do filme está na relação entre as duas mulheres e apesar de marginalmente satisfatória, fica muito longe do que poderia ter sido conseguido.


Recomendação: Filme meritório de um visionamento, mas estaria a mentir se não afirmasse sentir-me um pouco desapontado com ele, pois havia aqui potencial para um filme verdadeiramente incrível.