segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Banshee



No meu post anterior, enquanto divagava sobre a série de televisão Person of Interest, a razão de não a ter acompanhado inicialmente e de só me ter cativado muito mais tarde, ocorreu-me uma outra série que facilmente poderia ter seguido o mesmo caminho em direcção ao esquecimento. Porque de momento estou sem televisão para ver coisas novas (a minha fiel companheira CRT Grundig deu o berro na 5ª-feira passada, deixando-me eventualmente resignado à indignidade de adquirir uma televisão LCD para visionar filmes), e porque tenho a nítida impressão que é uma série que tem passado mais ou menos despercebida em Portugal, decidi mencioná-la aqui neste cantinho.

Criada por Jonathan Tropper and David Schickler e produzida juntamente com Alan Ball, o mesmo de 'Tru Blood', a série conta-nos a história de um ex-condenado, desempenhado por Antony Starr, libertado recentemente da prisão após cumprir 15 anos por um roubo de diamantes que correu mal. Envolvida nesse assalto esteve também Anastasia, personagem desempenhada por Ivana Miličević, a sua namorada e filha de um chefe da máfia de leste, que conseguiu escapar com o produto do roubo e estabelecer-se na pequena cidade rural que dá o nome à série. Quando finalmente a reencontra, descobre que esta seguiu com a sua vida, casando e constituindo família com o procurador de justiça local. E se não bastasse o choque dessa revelação, ainda se vê mais tarde envolvido numa luta de bar que tem como resultado a morte de outro recém-chegado à cidade (Lucas Hood), cuja identidade ele assume, tornando-se assim desta forma bizarra o novo xerife da cidade de Banshee.

acabado de sair da prisão e a subir na vida

Se me pedissem para descrever Banshee em meia dúzia de palavras, era muito fácil - porrada de meia-noite. E apesar de estar absolutamente correcto nessa minha descrição, não estaria nem de perto a fazer justiça à série, da mesma maneira que o primeiro episódio também não o faz. O primeiro contacto com a série pode facilmente induzir em erro o espectador sobre a fasquia de qualidade que se poderá esperar dos restantes episódios e da experiência global. De facto, a minha primeira reacção foi de descartar a série como um veículo de entretenimento que iria abusar da exibição gratuita de violência e nudez/sexo para captar audiências. E se de facto a série exibe ambas em copiosa quantidade, com a evolução da(s) temporada(s) foi-me cada vez mais difícil categorizar o seu uso como gratuito.


Não sou ingénuo ao ponto de pensar que a utilização da nudez e sexo em Banshee é completamente inocente. Óbviamente que existe uma componente lúdica na tentativa de captar a atenção. Mas ao contrário de por exemplo outra série do mesmo produtor - Tru Blood - em que a esmagadora maioria dessas cenas são completamente desnecessárias e utilizadas puramente para deleite visual, em Banshee servem na sua maioria efectivamente para avançar a história e desenvolver as personagens. Ao longo da série, a nudez exibida torna-se completamente irrelevante como factor justificativo para o seu visionamento. São as personagens que habitam aquele universo que apelam ao mesmo.

afinal também se come com os olhos

Quanto ao outro elemento que mencionei e que prova ser de facto um chamariz irresistível, tenho apenas a dizer o seguinte - Banshee é muito provavelmente a série com as melhores cenas de acção que já tive o prazer de ver no pequeno ecrã.
É notório o trabalho de coreografia e planeamento envolvidos na filmagem destas cenas. É do melhor que tenho visto, rivalizando mesmo (pontualmente e sempre de forma limitada por restrições óbvias de uma série de tv) com sequências de acção de filmes com orçamentos e meios muito superiores. Aponto como um exemplo desta mestria, a cena na segunda temporada, envolvendo a personagem de Job no interior de uma igreja, e desafio quem quer que seja a resistir ao impulso de carregar o botão de rewind.


A violência chega por vezes a ser ridícula tal a sua frequência. A tal ponto que quase podia jurar que o protagonista principal não passa um episódio em que não exiba hematomas, lacerações ou qualquer outro sinal de ferimentos provocados por actos de violência fisíca. E violência captada de forma que doi só de assistir à mesma.

Hood no seu estado natural na série - tenro e bem passado

Claro está, tal como em todas as séries de tv de sucesso, a pedra fundamental está nas suas personagens e Banshee não foge à regra. Pouco a pouco, os criadores e escritores da série forjaram um grupo central de personagens memoráveis, com as quais por altura da segunda temporada, me encontrei absolutamente enamorado.

Assim temos o protagonista principal Lucas Hood, o ladrão que assume o papel de xerife e de cujo comportamento imprevisível e irresponsável, sempre fonte de grande prazer, começa a despontar um crescimento e maturidade como indivíduo, principalmente na 2ª temporada.

Como vilões temos vários à escolha mas destaco os dois mais carismáticos:
Rabbit (Ben Cross), o chefe da máfia ucraniana e pai de Anastasia que persegue Hood numa cruzada implacável de vingança, e Kai Proctor (Ulrich Thomsen), o némesis de Hood. Membro expulso da comunidade Amish que representa um pilar importante da cidade de Banshee e um dos focos de interesse da série, construiu um império criminoso que gere com mão de ferro bem como a cidade em si.

não provoquem este Amish

Job (Hoon Lee) o hacker travesti, amigo e parceiro no crime do passado de Hood. A personagem é sempre um ponto alto nos episódios em que aparece. São particularmente deliciosas as interacções com Sugar (Frankie Faison), o boxeur reformado e dono do bar onde se situa o apartamento de Hood. 


Os deputados do xerife: Matt Servitto como o veterano Brock, Demetrius Grosse como Emmett e Trieste Kelly Dunn como Siobhan. Estes personagens mais secundários tiveram necessariamente menos peso e espaço para crescer durante a primeira temporada, mas viram essa situação plenamente corrigida na segunda, principalmente Emmett e Siobhan que tiveram oportunidade para brilharem.

A acompanhar Siobhan num leque de personagens femininas bastante fortes temos ainda:
Rebecca, desempenhada por aquele pedaço de mau caminho que dá pelo nome de Lili Simmons, a sobrinha amish de Kai Proctor e possivelmente a personagem com maior potencial de crescimento e fonte de material para histórias futuras.


A completar o casal de protagonistas principais, temos claro Anastasia que forma com Hood um Romeu e Julieta, versão máfia ucraniana. Arquétipo de personagem feminina forte em todos os sentidos, físico, sexual e maternal. É o pacote completo e completamente impossível de resistir.

Romeu e Julieta gangsta style

Anastasia confere outra dimensão à expressão mãe-galinha

No caso de ainda não lhe ter dado uma oportunidade, espero que este post o ajude a descobrir uma série de tv que para além de qualidade técnica a vários níveis inegável, tem uma componente de entretenimento elevadíssima. Para mim tornou-se uma das séries cujos novos episódios aguardo com maior expectativa.
Embora tenha algumas pequenas reservas sobre o futuro da série, especificamente sobre a relação entre Hood e Anastasia e de como manter essa chama viva sem cair nas armadilhas habituais que surgem à medida que as histórias se prolongam no tempo, existem promessas de outros pontos de interesse a desenvolver nas próximas (plural sejamos optimistas) temporadas.
Uma coisa garanto, mesmo que as restantes temporadas sejam uma desilusão, as primeiras duas são um autêntico deleite, e funcionam muito bem sozinhas oferecendo uma semi-resolução plenamente satisfatória.



Para finalizar, uma curiosidade engraçada relativamente ao genérico inicial da série, que me recorda sempre o do 'Tru blood', que apesar de ser sido desenvolvido por uma empresa diferente, tem associado o mesmo criador/produtor, o que terá certamente influenciado a sua concepção. Primeiro, o genérico é sempre ligeiramente diferente em cada episódio, reflectindo um pouco o enredo. Segundo, existe um significado oculto que só foi revelado no final da primeira temporada - os números da fechadura de combinação que aparece no início do genérico. Podem ver aqui, mas atenção que o video contém spoilers. Aconselho a ver apenas depois de acabar a primeira temporada.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Person of Interest




É engraçado verificar o quanto estou entusiasmado com o início recente da terceira temporada da série Person of Interest em Portugal, (nos Estados Unidos vai agora na quarta temporada). Aquando da sua estreia por cá no canal Fox, não dei nada por ela. Após ver os seus primeiros três ou quatro episódios, abandonei-a sem qualquer cerimónia, pois pareceu-me repetitiva e limitada na sua estrutura episódica.

Para quem ainda não conhece a série, a história tem como protagonistas principais um brilhante engenheiro/programador informático - Harold Finch - desempenhado por Michael Emerson,  e um ex-agente operativo da CIA caído em desgraça - John Reese - desempenhado  por Jim Caviezel.



Após os ataques terroristas de 11 de Setembro, Finch desenvolve uma máquina capaz de aceder e monitorizar todos os aparelhos audiovisuais e de comunicações existentes no mundo inteiro, desde telemóveis, até simples câmeras de vigilância de rua ou em caixas multibanco, processar essa informação e prever futuros atentados terroristas. A máquina consegue prever também todo o tipo de crimes antes de estes ocorrerem, que são no entanto filtrados e classificados como irrelevantes. Resumindo um pouco o enredo, após a entrega da máquina ao governo, Finch recebe em segredo da máquina os números de segurança social de pessoas envolvidas em crimes 'irrelevantes' e indeterminados ainda por ocorrer, e com o auxílio de Reese investiga os sujeitos tentando determinar se são vítimas ou autores do crime, com o intuito de impedir o mesmo.
Como podem compreender, os episódios seguem essencialmente sempre a mesma fórmula básica - recepção do número, descobrir se são vítima ou não e actuar para impedir o crime. E repete. Prevendo que a série não passaria muito disto, deixei de a acompanhar, decisão que se revelou prematura.

O Fusco
 A detective

Cerca de um ano depois, apanho sem querer um episódio da 1ª temporada em repetição. Especificamente o episódio 7, e a introdução do personagem recorrente - Carl Elias. E pronto, fiquei completamente agarrado. Apenas esse episódio foi o suficiente para me entusiasmar a ver os restantes e tornar-me fã incondicional. Os elementos que fazem do PoI uma série apelativa estão lá. Episódios bem escritos de forma consistente sem no entanto serem brilhantes, cenas de acção eficazes apesar de simples, mas acima de tudo foi introduzindo um grupo de personagens recorrentes e regulares cativantes - o santo graal de qualquer série de televisão que tenha ambição de um longo período de vida. Assim, chegamos à terceira temporada e temos um leque generoso de personalidades que todas as semanas me prendem ao ecrã.



O 'Professor'


A Facilitadora








A Hacker

Nesta terceira temporada o grande motivo de interesse será a promoção de duas destas personagens recorrentes a regulares, nomeadamente a Rooter e a Shaw que provaram ser extremamente populares na temporada anterior. Qualquer seguidor da série facilmente compreenderá a razão pelo meu entusiasmo.

A Sociopata
Esfomeada














Se ainda não experimentou a série, ou se como eu não lhe deu o devido tempo para o envolver, sugiro que o faça. Não será série para obter grandes prémios e reconhecimento universal da crítica, mas poderá mesmo assim ser um excelente entretenimento.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

The Day



Argumento: Mais um filme cuja história decorre num futuro pós-apocaliptico, derivado do colapso da sociedade. Neste futuro onde não existem leis a não ser a do mais forte, um grupo de 5 indivíduos, 3 deles amigos que cresceram juntos, tenta sobreviver à ameaça de clãs de predadores humanos.


aspecto cinzento do filme

Gostei:
- Do trabalho dos actores e de como cada personagem do grupo é perfeitamente distinto em personalidade e aspecto visual. Assim temos Dominic Monaghan (mais conhecido por Meriadoc Brandybuck) como o líder optimista do grupo, Ashley Bell como a durona com passado sempre com uma beata na boca e caçadeira nas mãos, Cory Hardrict o afro-americano do grupo com a sua AK-47, Shawn Ashmore que vive atormentado pela perda da sua família, e Shannyn Sossamon a beldade armada com uma machete.
O maior elogio que posso fazer neste ponto é que dou por mim receoso e a torcer por estes personagens.
- Do visual do filme. O mundo onde a acção decorre é praticamente drenado de cor, de forma a sugerir a ausência de qualquer forma de alegria ou esperança. Neste aspecto lembra-me um pouco um outro filme do mesmo género - The Road - mas tecnicamente inferior. Aqui, o visual parece conseguido através de software barato em pós-produção, mas mesmo assim confere ao filme um visual diferente da norma.
- Aspecto realista do mundo após o colapso da sociedade. Tudo parece sujo e muito gasto.
- Simplicidade da história. A acção decorre essencialmente num período de 24 horas e encontra-se limitada praticamente a um único local. É um exemplo de como um baixo orçamento pode ser uma mais valia.



Não Gostei:
- Efeitos visuais fracos. As chamas por exemplo são claramente cgi. Aliás, o filme todo ele grita baixo orçamento. Por vezes resulta de forma vantajosa, mas nem sempre.
- A cena sobre o passado da personagem desempenhada pela Ashley Bell podia ter sido executada um pouco melhor. Não está mal de todo, mas como todo o restante diálogo no filme, podia ter sido melhorado.


o bando de heróis

Recomendação: The Day não é um grande filme, longe disso, mas acho que vale bem a pena. Já o tinha visto à cerca de um ou dois anos atrás e tive a oportunidade de o rever recentemente na televisão, e a minha primeira impressão positiva manteve-se, apesar de todas as evidentes limitações do filme. Vejo-o quase como um suplemento para o superior 'The Road' apesar de não existir qualquer ligação entre eles. Nos Estados Unidos foi exibido apenas em 12 salas de cinema e conseguiu facturar uns irrisórios 20.000 dólares. Claramente uma jóia por descobrir.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

The Colony



Argumento: Num futuro próximo o nosso planeta encontra-se totalmente coberto de neve, resultado de uma tentativa de corrigir o aquecimento global. Os poucos humanos que conseguiram sobreviver à catástrofe, vivem em colónias subterrâneas adaptadas de infraestruturas como minas ou outro tipo de instalações. Uma destas colónias, designada por 7, recebe um pedido de socorro proveniente da colónia 5 com a qual têm um acordo de entreajuda. O líder da colónia (Laurence Fishburne) decide enviar um pequeno grupo para investigar.




Gostei:
- Os cenários. Todas as instalações no filmes parecem bastante realistas. De facto, foram usadas instalações reais de uma base aérea NORAD subterrânea, bem como uma central de energia nas filmagens.
- O filme consegue transmitir bastante bem a sensação das condições climatéricas, do desastre apocalíptico. Os efeitos visuais, apesar de não serem nada de extraordinário (por exemplo a falta de efeito da respiração a temperaturas negativas), conseguem compensar com toques sugestivos da severidade da situação como por exemplo postes de iluminação/torres de alta tensão em que só são visíveis os topos.




- Julian Richings como o colono aterrorizado da colónia 5. Sobressai num mar de mediocridade.
- As lanternas usadas pelo grupo. Sério, eu quero umas lanternas destas.




Não Gostei:
- Detestei o grupo antagonista. Não quero entrar em detalhes para não estragar o filme a quem ainda não o viu, mas não faz qualquer sentido. Nada no filme sugere efeitos de qualquer agente patogénico, pelo que nada justifica o tipo de comportamento e características que os membros do bando exibem, a não ser insanidade colectiva que me parece uma explicação demasiado rebuscada.
- Apesar de ter bons actores no elenco, nenhuma das personagens principais é minimamente memorável tirando a do Bill Paxton, mas infelizmente essa é memorável pela negativa, pois é simplesmente irritante. Não culpo os actores. Simplesmente parece-me que eles não tinham material para trabalhar a partir do argumento.
- A mistura de géneros desastre ambiental e horror não funciona bem, apesar de alguns momentos de tensão aquando da exploração da colónia 5.




Recomendação: Vou ser generoso na recomendação. O filme tem um segmento que consegue captar atenção (viagem e exploração da colónia 5), e é salpicado aqui e ali por detalhes curiosos e interessantes. Apenas para fanáticos do género de filmes pós-apocalipse.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

The Maze Runner



Argumento: Um rapaz, ou jovem adulto para melhor corresponder ao sub-género literário que deu origem ao filme, de nome Thomas (protagonizado por Dylan O'Brien) acorda num elevador em ascensão sem recordação nem de como chegou ali, nem do seu passado. Quando a viagem termina, vê-se aprisionado numa clareira rodeada de muros intransponíveis, juntamente com outros que lá chegaram nas mesmas circunstâncias. Dessa clareira só existe uma saída possível, um portão que se abre durante o dia dando acesso a um labirinto e que se fecha ao cair da noite, condenando quem quer que lá permaneça à morte, risco corrido por um grupo de selecionados (maze runners) que se aventura no labirinto durante o dia para tentar descobrir uma saída.


Gostei: De uma maneira geral posso dizer que gostei do filme durante a maior parte da sua duração apesar de algumas falhas.
- A premissa é interessante apesar de não ser original.
- O senso de aventura e descoberta é mantido durante todo o filme, com consecutivas revelações e novas questões, a um ritmo ponderado e eficaz.
- Sólida direcção por parte do realizador Wes Ball, na que é a sua primeira longa-metragem.
- Cenas de acção bem conseguidas na sua grande maioria.




Não Gostei: A maioria dos pontos negativos do filme suspeito estarem intimamente relacionados com o material original do romance do que propriamente de escolhas no filme, mas sem ter lido o livro não posso ter a certeza.
- Actor principal. Dylan O'Brien não foi uma escolha feliz para o papel. Era necessário um actor que projectasse mais carisma, vendo-se neste caso ultrapassado pelos colegas a desempenhar papeis secundários como por exemplo Aml Ameen como Alby o líder da comunidade da clareira, Will Poulter como o beligerante Gally, ou mesmo Blake Cooper como o leal Chuck, só para mencionar alguns.
- A personagem feminina Teresa desempenhada por Kaya Scodelario. Tenho dois problemas com esta personagem. Primeiro, é completamente irrelevante para o desenrolar da história, retirando algum ritmo e foco ao filme, sem qualquer contrapartida positiva. Segundo, e isto está relacionado com a 'explicação' no final do filme, incomoda-me que houvesse apenas uma mulher no universo possível de sujeitos, principalmente se pensarmos que praticamente todas as raças e etnias estão representadas na clareira. Estatisticamente não faz qualquer sentido. O que me leva ao principal ponto negativo.
- Nada faz muito sentido no final do filme. Até oferecerem uma explicação para a razão do labirinto, o filme funciona relativamente bem, mas cai completamente por terra após a mesma. Isto parece-me claramente um problema com origem no material original do livro. A história simplesmente não tem fundações sólidas para aguentar a lógica do edificio, pelo que este colapsa.
- Os acontecimentos finais envolvendo Gally, também são difíceis de engolir. É praticamente impossível de ocorrer se pensarmos um pouco.
- Ausência de uma resolução final satisfatória. Outros filmes que iniciam trilogias ou outro tipo de séries de filmes, tem sempre o cuidado de se valerem por si só, ou seja, apesar de serem apenas a peça inicial de uma história maior, funcionam bem se visionados isoladamente. Não é bem esse o caso deste Maze Runner.




Recomendação: É difícil recomendar este filme. Por um lado, passei um bom bocado no cinema com ele. Consegue ser emocionante, por vezes assustador, envolvente, e apesar de alguns pontos menos conseguidos, funciona relativamente bem como entretenimento. Por outro lado, a parte final é demasiado absurda em retrospectiva para ser facilmente perdoável. Isto, e a falta de uma forma de resolução clara, juntamente com a sensação de que a história não tem 'pernas para andar' nas obrigatórias sequelas, não deixa antever boas experiências futuras com a série.




terça-feira, 9 de setembro de 2014

Great Lines




"We all do terrible things to get what we want. It’s unavoidable, I think. The most we can hope for is what we want is worth the evil we do"




segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Kon-Tiki



Argumento: Em 1947, o escritor e aventureiro Norueguês Thor Heyerdahl, numa tentativa de provar correcta a sua teoria que a Polinésia teria sido colonizada por nativos sul-americanos e não por asiáticos, decide reconstituir uma dessas hipotéticas viagens, utilizando somente materiais e técnicas de construção indígenas desse tempo pré-colombiano, bem como apenas o vento e as correntes marítimas como meio de propulsão de uma jangada de madeira, um empreendimento considerado por muitos como louco e condenado ao fracasso com resultados possivelmente trágicos.


A verdadeira jangada e os seus loucos tripulantes

Gostei:
- A viagem propriamente dita. Representando aproximadamente metade da duração do filme, ou possivelmente mais, é sem dúvida a alma do mesmo. Repleta de imagens maravilhosas capturadas magnificamente, bem como de sequências tensas muito bem executadas, esta porção da obra consegue transmitir bastante bem a verdadeira dimensão do perigo que esteve associado, mas também da enorme beleza do nosso planeta e um testemunho do indomável espírito humano.
 - Apesar da peça central do filme ser indiscutivelmente a viagem de jangada, apreciei bastante o tempo e esforço dedicado a retratar a personagem principal de Thor, das suas motivações e teorias. Nem sempre funciona ao mesmo nível do restante filme, mas sem ela a história perderia muito do seu valor humano.
- Cinematografia.




Não Gostei:
- Caracterização. Tirando a personagem principal e a do engenheiro, os restantes tripulantes não são muito bem delineados quanto às suas motivações para participarem numa viagem tão perigosa. O filme poderia ter feito bastante melhor a acentuar a individualidade dos 6 tripulantes, não só do ponto de vista psicológico mas também físico. Há mesmo alturas em que se torna difícil distinguir uns dos outros precisamente porque não temos uma imagen clara de cada um como indivíduo. Juro que às vezes a única maneira que tinha de identificar o tripulante Sueco era porque reconhecia a voz do actor Gustaf Skarsgård que faz de Floki na série Vikings.
- O filme falha ao não mencionar no final como é hoje considerada a teoria por detrás desta aventura, do seu valor científico e do impacto que teve ou não sobre a mesma.
- Alguns detalhes de elementos da viagem não são transmitidos de forma muito clara ou encontram-se simplesmente ausentes, como por exemplo o que estava a acontecer aos troncos ou como conseguiram água potável.




Recomendação: