sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Manchester by the Sea



Argumento: Casey Affleck is Lee Chandler, um homem solitário a viver num apartamento minúsculo e a ganhar o ordenado mínimo a trabalhar como faz-tudo ou biscateiro para alguns prédios na região de Boston. Quando recebe um telefonema a informá-lo de um ataque cardíaco do seu irmão, ele tem que regressar à sua cidade natal - a titular Manchester by the Sea. Quando lá chega é informado que o seu irmão faleceu e que este o nomeou como guardião legal do seu sobrinho de 16 anos, implicando uma estadia prolongado na cidade e o confronto com os fantasmas do seu passado.


Gostei:
- Michelle Williams. Tem um papel relativamente reduzido em termos de tempo no filme mas é fenomenal. A cena entre ela e Casey Affleck na segunda metade do filme representa o clímax emocional do mesmo e é quase impossível resistir a verter uma lágrima ou duas.
- Casey Affleck é bastante sólido como protagonista e carrega eficazmente o filme como um personagem torturado que activamente procura o isolamento social como forma de penitência.
- Boa realização de Kenneth Lonergan que consegue obter excelentes momentos da história e dos actores. Ficam-me particularmente na memória três deles.
- O filme utiliza uma série de flashbacks oferecendo-nos progressivamente uma visão de um protagonista bastante diferente do actual e finalmente leva-nos a visitar a terrível tragédia que despoletou a mudança. Estão bem inseridos no decorrer da história apesar de imediatamente revelarem indirectamente a natureza da tragédia que só mais tarde retrata, pelo que não esperem por revelações tardias muito surpreendentes. Presumimos bastante cedo o que acontece, só não conhecemos as circunstâncias específicas do evento.


Não Gostei:
-  Gostei bastante mas não consigo livrar-me da sensação que falta-lhe qualquer coisa para ser um grande filme o que acaba por ser um pouquinho frustrante.
- A personagem do sobrinho. O filme passa um tempo significativo com ele e é uma peça crucial no desenrolar na história e nas decisões que o nosso protagonista enfrenta, mas nunca o senti verdadeiramente como uma personagem real para além da sua desonestidade, mas mais como apenas uma peça necessária ao enredo. Mais uma vez acho que falta ali qualquer coisa que precisava de ser mais trabalhada. Ou talvez não goste simplesmente da personagem e esteja a projectar esse sentimento.
- Um ou outro detalhe menor do filme incomoda-me por falta de esclarecimento. Por exemplo, quando Lee vai inquirir sobre trabalho na cidade, a gestora que estava a ouvir a conversa nos bastidores vem ter com o interlocutor depois de Lee sair e diz-lhe que não o quer voltar a ver no local. Face ao que conhecemos dos eventos, é uma reacção estranha e radical vindo de alguém aparentemente sem ligação pessoal com o protagonista. Será que toda a cidade tem a mesma visão negativa sobre ele? Não sabemos.


Recomendação:

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