Eis outra série de televisão que acabei de ver recentemente, esta num género bastante diferente do que geralmente menciono ou que as pessoas em geral acompanham - animação Japonesa. Tenho andado muito afastado do género, especialmente quando comparado com uns anos atrás em que consumia carradas. De facto houve um período em que o meu fascínio por anime parecia não ter limites. Tinha um apetite voraz, quase desesperado por mais, pois anime representava um autêntico universo de animação por descobrir, isto numa altura em que a internet ainda estava no seu início e as únicas formas de arranjar informação sobre estas obras eram através de livros e revistas especializadas, e a animção em si só por intermédio de um amigo que tinha um amigo que conhecia alguém que trazia umas cassetes VHS do estrangeiro. Mais tarde comecei a encomendar uns dvds americanos mas a coisa não ficava barata. Mas valia a pena. Era uma sensação de se ser detentor de um segredo só do conhecimento de alguns. O que era de alguma forma bizarro pois se alguém ronda hoje os 40 anos como eu, cresceu a ver séries de animação Japonesa sem disso se aperceber. Quase de certeza que se lembram de Vickie o Viking, a Heidi e Calimero só para mencionar alguns. Sabiam que estas séries eram de animação Japonesa? Provavelmente não. Eu também nunca me apercebi quando era miúdo. A primeira vez que tomei consciência que estava a ver algo diferente, algo especial, determinando para sempre o meu amor por este género, foi quando passou na televisão Portuguesa o Conan, o Rapaz do Futuro. A visão e a minha experiência com obras de animação em geral mudou para sempre com esta série trabalhada por Hayao Miyazaki e Isao Takahata (entre outros nomes) dois co-fundadores do mítico estúdio Ghibli.
Mas enfim, chega de divagar. Boys Over Flowers é a história de Makino Tsukushi, uma rapariga de familias modestas que a regista numa prestigiada escola frequentada pelos filhos das ricas elites Japonesas. Após defender outra colega vítima de bullying, torna-se ela própria alvo das atenções pouco recomendáveis dos F4, um grupo composto pelos 4 rapazes mais populares e ricos da escola. Apenas o seu espírito rebelde e combatividade, integridade e valores morais a irá permitir sobreviver ao clima hostil que a rodeia como elemento indesejável.
Quando comecei a visionar esta série dos anos 90, nunca pensei que a iria acabar por ver toda. Para começar a animação deixa muito a desejar, mesmo para alguém acostumado com as produções Japonesas de relativo baixo orçamento quando comparado com os orçamentos de produções de outros países. O design das personagens é apelativo mas podem contar com o uso abundante de stills shots e reutilização de imagens, enfim nada a que os fãs de anime não estejam habituados. Em segundo lugar esta animação é baseada numa manga shōjo, ou seja, não sou claramente o seu público alvo que são as adolescentes femininas Japonesas, isto apesar de eu ter na minha colecção dvds de algumas séries shōjo, como Magic Knight Rayearth, Revolutionary Girl Utena e Fruits Basket que contêm elementos mais fantásticos, o que as tornam talvez mais palatáveis. Boys Over Flowers é logo á partida muito mais mundano. No entanto lá fui vendo os episódios porque apesar dos baixos valores de produção, a protagonista era interessante e a história de peixe fora de água aliada ao tema de bullying e discriminação de classes era apelativa. Mesmo quando a séria começa a focar-se mais nas relações românticas de adolescentes continuei a ver. Só mais um episódio dizia eu, quando não tiver nada que fazer. Afinal são só 20 minutos por episódio sem contar com os genéricos inicial e final. Era a minha forma de racionalização. Bom, a realidade é que completamente contra as minhas expectativas iniciais, a determinada altura estava rendido à série. A decisão estava tomada. Tinha que papar os 51 episódios.
Não é uma série de animação que recomende para um primeiro contacto com quem estiver interessado em aprofundar a sua experiência com a animação Japonesa, não só por razões técnicas como também culturais, mas se já for veterano nestas andanças e ainda não viu Hana Yori Dango, acho que vale a pena tentar. Talvez o agarre também.
Próxima série no horizonte - Kimagure Orange Road - um clássico que nunca tive oportunidade de ver.
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